Dezesseis

Lembro com muito gosto o modo como ela se referia a mim.
Pelo menos ela o fez uma vez e isso ficou marcado muito fundo, dizendo: Linho, venha ver o menino que a mãe gosta aqui no espelho do guarda-roupas.
Isso de dizer o menino, sorrindo ternamente como ela o fazia, o fez, tinha, teve, tem, um sabor esquisito, que intensificava o encanto da arte e da personalidade daquele menino que um dia fui.

Era como isso se somasse àquilo que eu via e ouvia, uma outra graça, ou como se a confirmação da realidade daquela pessoa, dando-se assim na forma de uma bênção, adensasse sua beleza.

Eu sentia a alegria por eu existir, por eu ser eu aquele menino, por eu ser o que minha amada mãe Lúcia dizia.

Alegria maior por minha mãe saudar tudo isso de forma tão direta e tão transcendente.

Era evidentemente um grande acontecimento a aparição dessa pessoa, e minha mãe festejava comigo esta descoberta e no plano que ela estiver hoje, está celebrando comigo meu aniversário.