Danos colaterais


Meus danos são maiores do que eu pudera imaginar. Dentro de mim habita um monstro de dor e vontade de ser suficiente. Vivemos em um mundo aonde gritamos por superação, pois nada de errado que fazemos ficará guardado dentro de uma caixa no fundo do armário. Nós queremos superar cada mágoa que habita em nosso interior, mas como vamos superar qualquer coisa se nem nós mesmos tiramos um tempo para saber o que está nos ferindo?

Tarde no Parque

Caso não floresça, a gente suborna a primavera filha.




Em baixo da boca

Pressão altíssima. Beira a 20 e que apenas precisava: um remedinho na boca. Foram tantos pedidos e todos eles esquecidos. O corpo reage.

Suor, batimentos desenfreados e agitação.

Era só um comprimido de pressão.

 

Caos

“Que eu seja a poesia, onde se perdeu o teu caos.”

A Teoria do Caos.




Entre ramos


E foi tão bom constatar que você não me atinge mais. Não me entristece, não me aborrece, não me tira o sono. Passa por mim. Mas, não me atravessa.

Nuvens

 

É incrível como o céu passou a ser mais chamativo de uns tempos pra cá. Nos dias, cada nuvem é uma vontade de te contar qual animal ela se parecia. Tipo o céu de Spirit. Ao anoitecer, a lua acendia o pensamento de te chamar para vê-la, assim como cada estrela tinha o poder de me mostrar que as constelações mais lindas não existiam apenas no céu, mas na plenitude de sua grandeza minha filha Marília Salltorelli

Silêncio da Noite


Cheguei à janela e olhei para o céu, um movimento que faço várias vezes até sentir o meu dia concluído e esperar a vinda do novo. Entendi, de repente, porque gosto tanto da noite, desde sempre: pelo silêncio dela. Eu sei que o silêncio pode ser ameaçador. Sei que muitas vezes põe pra tocar, no volume mais alto, músicas que nossos sentimentos cantam e que falam de coisas que a gente nem sempre quer ouvir. Mas o silêncio é também alimento. O silêncio é também descanso.

Nunca escrito

De uns tempos pra cá, tenho acordado no susto. Sempre com a estranha sensação de estar atrasado para um compromisso que não existe. Sempre com aquela angústia desnecessária de estar devendo ao mundo um poema que nunca será escrito.